sobre escaladas e maremotos (III)



por mais que me seja fácil

difícil ou impossível admitir

adoro brincar de “esconde-esconde”

esconder sentimentos

e ser pega a fazer travessuras

mostrando o que não se deve

assumindo

“eu te amos” em cada baixo de escada,

traseira de estante, pé de cadeira.

sempre eu, escondida

sendo pega pelo acaso

capturada por imãs invisíveis

a que cochicha alto

a que ri primeiro

olha nos olhos

a faminta,

a sedenta

a que é difícil compreender

a que quer ser entendida

e paga mico

a que desaparece

este não é um poema de amor

e nem de dor

sou aquela que tem medo da dor,

da tatuagem

da cirurgia plástica,

do atropelamento

e, é cheia de coragem quando se trata de corte no dedo,

pé torcido,

dente cariado,

buraco no coração.

não tenho medo do pulo do abismo;

e nem da queda.

por mais que me seja fácil, impossível ou difícil negar

teu cheiro me enlouquece os sentidos

cola nos meus cabelos feito chiclete

impregna meus poros

a sensação do teu beijo é o melhor dos desmaios

o toque da sua pele é veludo de mais alta qualidade

e suas mãos fortes, suas carícias o lençol mais macio

seu corpo no meu é um manto de luz

uma manta de paz

é kama-sutra, yoga,

e tudo mais de místico que possa ser criado

para elevar a alma

o que escrevo agora, não é um poema de amor, mas um desabafo de amor

o que escrevo é o que sinto,

o que sou

quando sozinha e quando com você

o que sinto não é descartável como saco plástico,

absorvente íntimo

camisinha

o que sinto é o que sou

o que escrevo é um todo maior

sem qualquer dimensionamento

o que sou é o que sinto

enquanto escrevo pensando em você

com você, longe-perto de você,

enquanto pensamos, sofremos,

brigamos, sentimos

e nos permitimos ser iguais

mesmo com todas

todas,

todas,

TODAS!!!

as diferenças.

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