Sobre Natal, saudade, encontro, carros e casas da Barbie

E essa Beatriz Provasi que mais uma vez me leva a fazer reflexões…

Esse fim de semana ela postou um texto no blog dela: http://numanoitequalquer.blogspot.com falando sobre o Natal e em como ela pediu um carro da Barbie quando criança e, já, adulta comprou um carro; por outro lado, a irmã mais velha dela, a querida Aninha, pediu uma casa e quando cresceu saiu logo da casa da mãe para montar um ap. E eu? Aonde entro nessa história???

Eu lembro que quando pequena pedi uma piscina da Barbie e levando em conta as afirmativas acimas de Bia e Aninha penso no que pode representar esse meu pedido? – E isso eu me pergunto desde sábado…

Carro tive. Casa montei.

O ap. era dos meus pais, mas o lar era meu e todos sabem que eu desfiz e desfazê-lo foi uma das coisas mais importantes da minha vida, pois esse desfazer, foi o que me permitiu entrar para os movimentos poéticos, conhecer novas pessoas e guardá-las no álbum de figurinhas do meu coração e são tantas essas figurinhas que nem dá para nominar todo mundo, mas sinto que posso dominá-lo…

Dominar o mundo, pois só conhecendo essas pessoas é que eu pude verdadeiramente me conhecer, reconhecer meu espaço, meu tamanho, minha vontades e até meus limites e na verdade, é aí que entra a tal piscina: essas pessoas são a minha piscina da Barbie!

Eu que  sempre “caguei” para o que era material, mesmo quando eu tinha uma situação financeira acima da média, proporcionada por meus pais , percebo na minha vida que a minha segurança, a minha busca, nunca foi pelo ter e sim, pelo ser e eu sou hoje, uma mulher que mesmo não sabendo o que quer (isso eu nunca vou saber) sabe muito bem o que é e como é.

Eu hoje tenho amigos, que não me fizeram falta na adolescência, pois não os conhecia, não tinha. Sempre fui muito sozinha e o meu desejo mais interno, por mais que eu tivesse algumas pessoas por perto a quem chamava de amigas, eu queria, mas queria mesmo ter uma piscina rodeada de “drinks”, e pessoas e “tchibuns” e sorrisos e alegria… um sol brilhando quente e um azul, um azul que não fosse nenhum azul desses velhos conhecidos do céu, do mar. Eu queria àquele azul!

Aquela cor que fosse só minha e que me olhasse assim, dentro desse tom. Eu sempre quis me colorir de azul e em agosto desse ano eu o encontrei.

Um azul só meu, meu, meu, meu… e agora, a gente ta querendo montar casa, comprar carro, fazer filho e eu não me sinto fortalecida ainda, preparada, mas com vontade, mais muita vontade de dividir o meus tons de rosa com esse brilho todo “blue” e não um “blue” de Blues e sim um “blue” específico; de amar.

Um azul de mar tão meu que eu viro logo sereia e tenho vontade de cantar lá da beiradinha da água uma música bem baixinha… “lá lá lá iááááááá…”.

É, na verdade, eu sempre quis sair do meu casulo e voar borboleta, ser feliz, feliz de verdade sem medo e sem ter que dar satisfação. Sem “medo de ser feliz” como nesse clichê que eu adoro e é por essas e outras que eu sempre quis a piscina da Barbie e eu tive a piscina; duas aliás e eu adorava ter as duas, para dar conta de tudo! De atender aos convidados no momento certo, para conversar, rir e brincar de plantar bananeira no fundo, para servir churrasco, para apreciar a vista dos meninos, para admirar os “bikinis” das meninas, para passar creme nos cabelos, compartilhar o pente de madeira, para me refrescar e deixar de ser tão obsessiva comigo mesma, meu corpo e meu comportamento; para deixar de ser tão radical comigo e seguir como sempre quis, desfilando na beira da piscina com a toalha enrolada nos cabelos falando poemas, cantando, sorrindo, dançando…

Uma cicatriz na boca é a minha única cicatriz física e incrivelmente; foi na piscina que eu a adquiri. Não na da Barbie, mas na minha, lá na casa dos meus pais. E meu pai me acudiu e cuidou, segurou todo o sangue e o meu desmaio. Sinto falta do meu pai neste Natal; especialmente. Queria ter tido a oportunidade de falar para ele que encontrei o azul que sempre procurei e que a minha piscina está cheia, mas tão cheia que nem quero mais fazer plástica para tirar a cicatrizinha da boca. Ai meu pai, você me faz falta, eu ando bastante sensível e tem gente que não entende isso, eu seu que não passa, vai ficar, mas vai passar.

Feliz Natal no azul do Céu, Célio!

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Uma resposta para Sobre Natal, saudade, encontro, carros e casas da Barbie

  1. Beatriz Provasi disse:

    amei, ju! vou pegar todos os amigos no meu carro pra levar pra tua piscina… um mergulho no teu coração, refresca e faz bem! e essas faltas, elas sempre gritam mais alto nessas épocas, amiga – mas a verdade é q elas estão sempre com a gente. seu pai é muito vivo em vc e sempre vai ser. a verdadeira ressurreição é a gente q faz, qdo deixa a pessoa viver pra sempre no nosso coração e nas nossas melhores lembranças. tenha certeza q ele fica feliz com a sua felicidade, e te dá colo na sua tristeza, sempre, e ainda cuida dos seus machucados… sim, ele cuida dos seus machucados, não tenha medo dos mergulhos. bom natal, querida. beijos!

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